segunda-feira, 6 de junho de 2016

Pela Magia de Acreditar - 1ª parte


Nota 1:
O conto é na íntegra da minha autoria. Porém a utilização de artefactos, figuras e expressões usadas ora da cultura japonesa, ora da mitologia nórdica, foram particular e cuidadosamente escolhidas para o efeito, não querendo de alguma forma deturpar a informação disponibilizada em outras obras/sites de consulta.

Nota 2
Escrevi esta pequena obra para alguém verdadeiramente especial, mas, a fim de proceder a publicação da mesma, e respeitando a privacidade de quem dediquei este trabalho, foi feita uma alteração nos nomes originais das personagens. Porém, todo o restante conteúdo, e o carinho com que escrevi, continuam a ser inabalavelmente os mesmos!

Glossário:
Uma vez que existem termos criados pela autora, foi adicionado ao conto esta pequena lista de palavras, caso no texto não seja clara a sua utilização/colocação.
Karamin: Nome da ilha dos ninjas.
Naiara: nome dado ao templo dos ninjas.
Koroan: Nome do ninja líder, avô de David, a personagem principal.
Kiroan: Nome ninja de David. É por este nome que é tratado em Karamin.
Darin: montanha de divisão da ilha dos ninjas, e local de meditação e escolha.
Talan: nome do templo onde está o sabre de luz e onde ninjas que promovem a separação dos mundos vivem e esperam a chegada de quem resgatará o sabre.



Pela Magia de Acreditar – Parte 1

A noite caía amena sobre a cidade. Era uma cidade pequena e tranquila. E ali, na rua da livraria, assim como todos os habitantes da cidade chamavam aquele lugar, a serenidade com que se vivia não era exceção. David, um rapaz adolescente, como tantos outros rapazes naquela cidade, via através da pequena janela do seu quarto, lá refugiado no sótão da casa onde desde sempre morara, as estrelas a surgirem no horizonte, lentamente, para iluminarem a bonita noite que se adivinhava. Não era noite de lua cheia, Pensou. Lembrava-se bem de ter visto algo a respeito sobre a lua no calendário, mas não sabia bem que lua surgiria nessa noite. Não é que importasse muito. Afinal de contas, havia o livro do seu velho avô para ler. Nunca fora de ler muito. Mas encontrar um livro assim, dentro de um compartimento escondido na última gaveta da mesa de cabeceira conferia um certo mistério. Não podia negar que aquele velho e pequeno livro parecia ter sido colocado ali, para que só o avô soubesse, e só o seu neto o pudesse agora ler somente porque o encontrara por acaso. Segurou o livro nas mãos e ficou assim por mais uns instantes junto à janela a ver a noite chegar. Não tardaria muito, e teria de acender o pequeno candeeiro da mesa de cabeceira. Ficaria a ler deitado em cima da cama o conteúdo daquele livro. Não sabia quem o tinha escrito. E quando perguntou ao seu velho avô sobre quem o escrevera e a quem pertencia, o sábio homem acenou-lhe com a cabeça, deu-lhe uma palmadinha no ombro e em vós fraca, porém com um sorriso no rosto disse tão somente: - Não importa o autor. Importa o leitor. Qualquer resposta, tu sabes, meu filho, estará dentro do teu coração. David conhecia o seu velho avô e sabia que ele não lhe daria a resposta que ele procurava com facilidade. Teria de ler o livro para descobrir. Afinal, desde que se lembrava, ao longo da vida que já vivera, fora sempre assim. Porque sempre lhe disseram, e muito particularmente o seu avô, que o verdadeiro sabor da vida está no desejo da descoberta. E naquele momento o que importava era descobrir o que havia para lá daquela velha capa, ilustrada com um fino sabre na lombada, uma bússola na capa anterior, e na capa posterior uma representação de uma fénix.
A noite caíra estrelada sobre a cidade, como era previsto. O candeeiro já aceso sobre a mesa de cabeceira dava ao pequeno quarto do sotam a luminosidade perfeita. Nem escuro demais, nem claro demais. A luz que emergia da mesa de cabeceira espalhava-se pela cama onde aquele jovem se deitara com o livro pousado ao seu lado.
Quando o agarrara a fim de dar início a leitura o som da porta arrancou David do seu devaneio repleto de perguntas acerca do que quer que fosse que houvesse escrito naquele livro de capa grossa e desgastada pelo tempo e certamente marcada pela história. Era Lyra, uma cadela labrador, que viera ao encontro do seu jovem dono. Como era hábito, Lyra subia as escadas para encontrar sempre a porta do quarto de David com uma fresta que lhe permitia, com um ligeiro toque com a pata, abrir e entrar. Assim que se aproximou do jovem, este soubera de imediato o que havia a fazer. Levantou-se da cama, e depois de um momento de brincadeira, carinho e amizade entre os dois, Lyra deitou-se na sua cama, colocada ao fundo da cama de David. O jovem, deu-lhe as boas noites e dirigiu-se também ele para a sua cama.
Enquanto ouvia Lyra respirar profundamente, provando assim que não tardava muito a adormecer, David abria o seu livro.
Na primeira página havia, numa letra elegante mas com sinais de já ter sido escrita fazia muito tempo, uma frase simples: (Para quem acredita, qualquer fim é um ponto de começo.) E mais a baixo uma dedicatória feita com letra tremida, e com uma tinta diferente usada nas demais palavras: Para o verdadeiro Ninja que sei que és.
Uma história de ninjas, pensou. Porque teria o avô guardado tão bem um livro que fala de ninjas?
Como mais nada havia naquela página, atreveu-se a passar às próximas páginas. Registos de datas, nomes, locais e desenhos era tudo o que podia encontrar nas primeiras folhas que ia folheando. Intrigado com os desenhos estranhos que via mas não entendia, resolveu prosseguir. Haveria de com o decorrer da leitura, entender aqueles desenhos estranhos, porém nada feitos ao acaso. Mas a pergunta martelava-lhe na cabeça: quem seria o ninja para quem fora escrito aquele livro?
Sem que se desse conta, ao olhar atento para um daqueles desenhos que o intrigavam, sentiu-se escorregar para um vazio estranho. Não escuro, mas estranho. Sentia-se dentro de um tubo largo e que o fazia descer em espiral. Era como se tivesse entrado num caleidoscópio. Girava, girava, girava, e sentia-se a aproximar cada vez mais de um ambiente diferente. O que é que se estava a passar? Pensou. Ainda há poucos segundos estava deitado sobre a cama, a ler o livro do avô, e agora estava a viajar num caleidoscópio? Só podia ser um sonho! Apeteceu-lhe gritar, porém sentia não o conseguir fazer. De tão atordoado que começava a ficar com tantas cores e imagens a correrem diante de si, resolvera-se a fechar os olhos por instantes, e foi o que fez. Quando os abriu as cores e imagens tipo flash haviam começado a abrandar, e quanto menos esperava sentiu-se tocar algo macio onde se deixou ficar deitado, na mesma posição em que se encontrava quando tudo aconteceu. Tudo não demorara mais que segundos; um minuto, talvez. E agora caíra ali, naquele lugar que lhe era totalmente desconhecido.

(…)

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